segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

"todo dia a gente inventa uma alegria"

a melhor compra deste 2011 ainda tão breve:



Chegou, há alguns dias, o meu presente pra mim mesmo. É, sem dúvida, a melhor compra do ano, melhor até mesmo que a câmera que a registrou...
"Pra Ser Sincero, 123 Variações Sobre Um Mesmo Tema", de Humberto Gessinger, conta histórias dos Engenheiros do Hawaii, da cena quase rock nacional, da política nacional que contextualizou as bodas de prata entre a banda e a estrada.

Nunca fui dado às biografias, nunca me interessei por muita coisa, é bem verdade, demorei uns 5 anos para aprender o nome dos semideuses do Pink Floyd, desconheço a banda que acompanhou por anos o Dylan, tirando o Vedder, nunca lembro os nomes dos viscerais do Pearl Jam, tenho que contar nos dedos para formar os Beatles, enfim. Mas, a ideia de saber dos causos que polemizaram a banda que sempre tentou estar longe demais das capitais, por dentro, me aguçou a curiosidade.

As primeiras 50 páginas já me emocionaram profundamente, não por motivo que valha a pena criar. Alguns traços bem escritos, rascunhos literários de um quase arquiteto que só deu certo na música por estar o tempo inteiro fazendo tudo do jeito errado. Essas coisas que os destinos aprontam... Humor a flor da pele, o sacana escreve bem, mas, não por isso a emoção, é que, nesse calor pós-moderno, deitado no chão da sala, percebo que pouca coisa criou em mim tantos sentidos quanto a audição dos álbuns dos EngHaw. Tá "grandes" merda!

A verdade é o que os Engenheiros anteciparam muitos livros que só leria muito depois, e o pior, sentimentos e desilusões que só me bombardeariam ainda mais tarde, nunca fez tanto sentido ouvir, 10 anos depois dentro do carro que: "quem quiser remar contra a maré, tem que remar muito mais forte. Não vá pra guerra de pés descalçoes, não pise no tapete com essas botas imundas." Isso marcou tanto quanto a aquela linha maldita de Camus/Mersault dizendo: "tanto faz"!

O livro tá cheio de fotos, fotos inéditas, fotos familiares, mas, nada importante, ou, nada tão importante quanto a meia página em que fala da morte de seu pai, ou o parágrafo em que fala da esposa. Soam "humanos demais".

Nada importa mais do que comentários com ares ingênuos sobre o drama da vida que é viver, só alguém de cabeça muito tumultuada poderia encher 17 álbums com coisas tão significativas, mas como o "pop não poupa ninguém" seus penteados extravagantes geraram ruídos demais...os penteados também estão no livro, pra quem puder se importar...

Isso não é um apelo para que todas as 5 ou 6 pessoas que entram neste blog, comprem o livro, ou passem a ouvir os discos, só queria me permitir escrever/reviver emoções da adolescência que já parece estar "longe, longe, longe, aqui do lado".

Quando a poeira baixa, fica uma sensação conflituosa entre a sensação de incompetência criativa, e a falsa impressão de que a banda, não os Eng, mas a minha, do Beto, do Emerson, do Valnei, poderia ter dado um passo a mais. Que a adolescência poderia se estender até a próxima curva, ou um pouco mais além "depois da curva, ali"!

GESSINGER, Humberto. Pra ser sincero: 123 Variações Sobre Um Mesmo Tema. Caxias do Sul : Belas Letras, 2010.

Um comentário:

  1. Argumentos válidos, até! Mas a resposta é "NÃO" pelo prazer doentio que há em ser sacana!

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