domingo, 20 de novembro de 2011

no sonho

quer dançar comigo?
uma dança só, será breve!

prometo não pisar teus pés
com estes tênis velhos.

prometo não te apertar,
não te rodar.

não te falarei ao pé do ouvido,
não perguntarei teu nome.

apenas dance comigo!
uma dança só, será breve!

prometo não te aperrear
com minhas histórias velhas.

prometo não te fazer suar,
não te cansar.

apenas dance comigo
nos teus sonhos,

serei breve!



Ibicoara, Chapada Diamantina 

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Respeito é bom e eu pago bem!

Falar em paradoxos da vida moderna me soa muito estúpido, e é! A vida é o encontro dos paradoxos mais bestiais que a humanidade protagoniza! Especiezinha estranha, viu?

Lembro-me de todas as vezes que a frase insana fora repetida: "Respeite os mais velhos!". Podia ser meu pai, mãe, professora (o), qualquer um desses seres que estão mais perto de nós para impedir que sejamos apenas quem somos! Era assim que se calava Zaratustra, ainda é!

O que há de errado na frase? Tudo, ou quase tudo, ou nada! Eu é que sou chato mesmo! Respeitar os velhos? Como assim? Rejeitamos o que é velho. Aprendemos a ser assim! Não queremos nada velho. Não queremos roupas velhas, carros velhos, cães velhos, tios velhos, pais velhos!

Lembro com alguma vergonha, nenhum remorso - cato nas lembranças algo do qual me arrepender e não acho, não que não tenha feito muita merda, sempre fiz, mas o que chamamos de vida me parece tão fatídico e tão inevitável, que não me vejo apto para ter alterado a condição de nada do que já me aconteceu -, do quanto me envergonhava dos meus pais na infância, porque eles eram velhos, sempre foram velhos! Hoje, nem tanto!

Sou o último filho do segundo casamento do meu pai, o caçula, a raspa do tacho, o resto de parição. Mães e pais dos meus colegas pareciam joviais, meu pai não; já meio calvo, cabelos grisalhos, algumas vezes me perguntavam se era meu avô! Tinha vergonha! Ele era velho! Acho que foi dele que herdei a velhice, se não me engano, aos 8 ou 9 anos! Mas eu sempre me engano!

Não gostamos de coisas velhas, ao velho que retorna chamamos vintage termo e moda que me dão no saco, perdoem-me o vocabulário, melhor seria dizer nos ovos, ou culhões, de qualquer sorte, minhas mais mentirosas desculpas. Não sabemos respeitar os velhos, não podemos. Os nossos velhos, os queremos longe, em asilos, cemitérios, longe! Gente velha e seu resmungar de dores infinitas. Odiamos o velho, odiamos a velhice, não queremos envelhecer! Muitos enfiariam um abacaxi pelo reto se isso garantisse esta juventude mórbida por mais tempo!

Sempre achei que, se tivéssemos nós sido ensinados ou orientados a respeitar ao outro em seu direito, direito de ser e de pensar diferente de nós, alguma coisa poderia ser melhor! Sei, devo estar errado novamente!

Não há qualquer benevolência em respeitar, só respeitamos quem impõe para nós respeito, quem nos obriga a respeitá-la (o), quem nos paga, quem pode nos matar, quem nos provoca alguma admiração ou temor!  E não tememos o velho! Tememos o novo, admiramos o novo, é o novo que nos pode agredir, violentar, excluir, é o Novo o objeto da adoração, do respeito vulgar e devassado que aprendemos a simular!
Eu nasci velho, é a única explicação! Pedaços de paixões foram caindo pelo caminho, e velho é foda, não pode ficar abaixando pra pegar nada do chão!

O texto é grande e mal humorado, metáfora da vida? Nem é! Não há metáforas! Só perda de tempo! A quem chegou até aqui, um pequenino e virtual regalo, é velho, mas é bom: http://www.youtube.com/watch?v=4RccOeJIbXI&NR=1

Minha ambição é uma tarde em calmaria, num mundo que só aplaude a tempestade!