Eu odeio banho frio!
Sim, este é um post sobre banho:
Não foi à toa que, quando o cosmo, a natureza ou a única divindade a qual não consigo questionar: o acaso me fizeram existir após a invenção do chuveiro elétrico.
A vida já é ruim o suficiente, não preciso começar o dia tomando um banho frio! "Ah! Mas tá calor, pra que esse chuveiro no quente?!" Calor só se for pra vocês, pra mim o banheiro é sempre frio!
"Banho quente faz mal, banho quente envelhece, banho quente não sei mais o quê!" Viver envelhece e ninguém faz nada pra mudar isso, né? Eu vou narrar como é o meu banho frio:
Molho um braço, xingo a mãe da mãe natureza, molho o outro braço e xingo a mim mesmo - se eu não tivesse os braços, ou as pernas, teria menos coisas pra molhar com essa porra de água fria - molho a cabeça (a cabeça mesmo), uma perna, outra perna; isso não é um banho, gente, isso é um processo de auto-flagelo, quando finalmente ponho o corpo inteiro embaixo da água, é uma falta de ar do cão. Um desconforto terrível. Por que alguém se presta a isso voluntariamente?
Quando, porém, tomo banho quente, é assim: Entro, tomo banho, saio cheiroso e lindo, obrigado!
Uma vez fiquei na casa de um pessoal que tem muita grana, mas na casa não tinha chuveiro quente, porque diziam que banho frio é bom, dá coragem, que deixa a pessoa mais forte de saúde! Na minha opinião ou você é rico, ou você toma banho frio, que putaria é essa? Que adianta ter carro importado e morar em bairro nobre se tu tomas banho frio? Muita excentricidade, na moral!
Oração: por um mundo onde os resistores de chuveiro nunca queimem! Obrigada e Amém!
domingo, 20 de maio de 2012
domingo, 13 de maio de 2012
tem razão!
A gente vive criando qualquer coisa pra se sentir especial!
Observando meu pai, sempre notei como ele minimizava todos os feitos dos outros, mas, ao contrário, superestimava as próprias ações. como um bom filho idiota, julgava isso com todos os crivos cruéis de um bom imbecil, só não conseguia ver que todos agiam assim, eu também, claro.
Exemplos rápidos: a banda que faz cover se acha melhor porque consegue tocar igualzinho a banda famosa que é muito boa, e fazer cover "é difícil pacarái"; a banda que sustenta um projeto autoral diz que cover é cópia, foda mesmo é fazer o próprio som, a própria música (mesmo que façam isso igual a todas as outras).
Quem sabe tocar diz que a música é a maior das artes, quem sabe escrever defende seu lado, quem sabe arrancar dente também, quem é bom de cama propaga, quem não é diz que é, essas coisas, tá todo mundo dizendo que é bom em algo, que é especial por alguma coisa.
Quem fala inglês, quem sabe formatar um pc, quem prefere o arroz em cima do feijão, quem conhece a banda que ninguém conhece, não conhece a que todo mundo conhece, torce pro bangu, pro vasco, pra qualquer empresa, professa qualquer fé, não professa fé alguma. Todos se vêem rebeldes, singulares, creem pensar de maneira única, pensam ser especiais.
Acreditam que estão cheios de razão e conscientes do seu lugar no mundo, só esquecem que não suportam os que são de fato - mas, não por escolha - como eles pregam ser, destes, eles querem distância; covardemente, passam para o outro lado da rua, do ônibus, do mundo. Pois, estes são sujos, fedem, falam nada com nada, vagabundos, esquisitões, vadios, insensatos, caminham pelo mundo sem rumo, os vejo sob sol e sob chuva sempre caminhando sem metas, alucinados.
Não os queremos perto, até criamos campos de concentração para que saiam do meio de nós, pessoas de bem. Não que sejam piores que nós, não. Somos todos iguais perante deus, perante a lei, perante qualquer coisa que nos seja conveniente. Apenas que fiquem longe, que não pisem os mesmos espaços que eu, que não respirem o mesmo ar que eu, que não comprometam a segurança do nosso mundo lógico, sensato e sem sentido das oito às dezessete. Não porque nós os rejeitemos, longe de nós rejeitar alguém, mas eles são especiais demais: eles são loucos.
Observando meu pai, sempre notei como ele minimizava todos os feitos dos outros, mas, ao contrário, superestimava as próprias ações. como um bom filho idiota, julgava isso com todos os crivos cruéis de um bom imbecil, só não conseguia ver que todos agiam assim, eu também, claro.
Exemplos rápidos: a banda que faz cover se acha melhor porque consegue tocar igualzinho a banda famosa que é muito boa, e fazer cover "é difícil pacarái"; a banda que sustenta um projeto autoral diz que cover é cópia, foda mesmo é fazer o próprio som, a própria música (mesmo que façam isso igual a todas as outras).
Quem sabe tocar diz que a música é a maior das artes, quem sabe escrever defende seu lado, quem sabe arrancar dente também, quem é bom de cama propaga, quem não é diz que é, essas coisas, tá todo mundo dizendo que é bom em algo, que é especial por alguma coisa.
Quem fala inglês, quem sabe formatar um pc, quem prefere o arroz em cima do feijão, quem conhece a banda que ninguém conhece, não conhece a que todo mundo conhece, torce pro bangu, pro vasco, pra qualquer empresa, professa qualquer fé, não professa fé alguma. Todos se vêem rebeldes, singulares, creem pensar de maneira única, pensam ser especiais.
Acreditam que estão cheios de razão e conscientes do seu lugar no mundo, só esquecem que não suportam os que são de fato - mas, não por escolha - como eles pregam ser, destes, eles querem distância; covardemente, passam para o outro lado da rua, do ônibus, do mundo. Pois, estes são sujos, fedem, falam nada com nada, vagabundos, esquisitões, vadios, insensatos, caminham pelo mundo sem rumo, os vejo sob sol e sob chuva sempre caminhando sem metas, alucinados.
Não os queremos perto, até criamos campos de concentração para que saiam do meio de nós, pessoas de bem. Não que sejam piores que nós, não. Somos todos iguais perante deus, perante a lei, perante qualquer coisa que nos seja conveniente. Apenas que fiquem longe, que não pisem os mesmos espaços que eu, que não respirem o mesmo ar que eu, que não comprometam a segurança do nosso mundo lógico, sensato e sem sentido das oito às dezessete. Não porque nós os rejeitemos, longe de nós rejeitar alguém, mas eles são especiais demais: eles são loucos.
"todos anormais, todos desqualificados, castrados, desajustados, considerados um problema"
terça-feira, 8 de maio de 2012
Tia Rosa
Eu tenho uma tia chamada Rosa, Rosalina, mas é Rosa que a gente chama. Por si só, esta informação já bastaria pra apontar indícios sobre o meu lugar, minha "cultura" e minha identidade. Sou sertanejo, ou quase, mais ou menos, vai! Não me peça pra selar um cavalo, ordenhar uma vaca, já me queimei em cansanção e até hoje não sei bem como reconhecer um, mas sou sertanejo, devo ser, sertanejo como muitos por aí, calça jeans, blusa de botão, pegando ônibus, desses que têm uma tia chamada Rosa.
Ter uma tia chamada Rosa é o mínimo que um sertanejo de péssima montaria pode gozar. No centro de qualquer lugar há de haver um sujeito lamentando a seca, numa sala com ar-condicionado, dentro de um corolla, bebendo cerveja num bar qualquer, seja pela vala comum da pena e da caridade fajutas, seja pelo preço do kg de feijão nos supermercados com suas promoções imbatíveis. Há de haver, em lugar nenhum, um poeta compondo a cena de uma Rosa que insiste em vingar na terra, que quando seca, só suporta o mandacaru e o xique-xique. Há quem lamente a seca, como se lamenta qualquer coisa. E há quem padeça da seca e da indiferença de quem lamenta qualquer coisa.
Por que resolvi falar disso? Vontade, ué! Vontade que virou demanda após ouvir a queixa de um sujeito ao ver uma moça da capital lamentar a seca no sertão baiano e nordestino. "Seco onde? Lá em Salvador é?". Como se não fosse direito do outro lamentar a dor de tantos, como se o "povo da capital" não tivesse uma história, memória e identidades que rumassem pro sertão, como se não tivessem, também eles, uma tia chamada Rosa. Não queremos que o outro sinta a nossa dor, a nossa sede. "Fiquem longe, essa é a nossa dor, a nossa sede, só nossa. Prefiro morrer de sede a aceitar sua cuia d'água. Porque o sertanejo é um povo forte e orgulhoso".
Orgulho é o caralho, vosmicê perdoe os termos, tem gente morrendo de sede e fome, porra!
Meu quadro imaginário do sertão é um zumbi voltando pra casa, ao longo do asfalto, com a farda da farmácia silva.
Ter uma tia chamada Rosa é o mínimo que um sertanejo de péssima montaria pode gozar. No centro de qualquer lugar há de haver um sujeito lamentando a seca, numa sala com ar-condicionado, dentro de um corolla, bebendo cerveja num bar qualquer, seja pela vala comum da pena e da caridade fajutas, seja pelo preço do kg de feijão nos supermercados com suas promoções imbatíveis. Há de haver, em lugar nenhum, um poeta compondo a cena de uma Rosa que insiste em vingar na terra, que quando seca, só suporta o mandacaru e o xique-xique. Há quem lamente a seca, como se lamenta qualquer coisa. E há quem padeça da seca e da indiferença de quem lamenta qualquer coisa.
Por que resolvi falar disso? Vontade, ué! Vontade que virou demanda após ouvir a queixa de um sujeito ao ver uma moça da capital lamentar a seca no sertão baiano e nordestino. "Seco onde? Lá em Salvador é?". Como se não fosse direito do outro lamentar a dor de tantos, como se o "povo da capital" não tivesse uma história, memória e identidades que rumassem pro sertão, como se não tivessem, também eles, uma tia chamada Rosa. Não queremos que o outro sinta a nossa dor, a nossa sede. "Fiquem longe, essa é a nossa dor, a nossa sede, só nossa. Prefiro morrer de sede a aceitar sua cuia d'água. Porque o sertanejo é um povo forte e orgulhoso".
Orgulho é o caralho, vosmicê perdoe os termos, tem gente morrendo de sede e fome, porra!
Meu quadro imaginário do sertão é um zumbi voltando pra casa, ao longo do asfalto, com a farda da farmácia silva.
O meu sertão é cinza.
domingo, 6 de maio de 2012
sentidos
Você sabe que há algo de errado na vida quando acorda!
eles negam que sabem
mas sabem
eles sentem o cheiro podre das flores
vislumbram aquela cor horrível do pôr-do-sol
fingem perceber diferença nas fases da lua
odeiam o azul do céu e o rebentar das ondas
eles travam os dentes para suportar a música
sentem nojo do que chamam de afeto
acham a caridade cafona e desnecessária
contemplam a mesmice das estrelas
e se enraivecem do perdão e da paz
eles sabem que negam,
mas negam
não há sentidos, não há.
domingo, 22 de abril de 2012
e as novidades?
"e as novidades?" é a porta de entrada das conversas dentro e fora da web. pra falar a verdade, sei pouco sobre conversas fora da web, com os poucos com quem converso, sem a proteção da tela, pulamos estes clichês. (eu disse proteção?)
há tempos não tenho novidades. por isso o blog tá meio morto. tá bom, o blog tá morto, tá morto mas é meu! é foda isso de não perceber o novo repetido acontecendo, pode falar "foda" aqui? pode sim, o blog é meu!
sinto prazer em lavar as mãos, sério! mas, isso não é coisa pra se contar aqui, ou em qualquer lugar. meus prazeres são bobos; bobos, porém meus, e isso me basta. não, não basta. nada basta. aprendemos que o bastante é muito pouco, "você pode mais", deve querer mais, querer até explodir, até descobrir que não precisa, mas já será muito tarde.
já pensou? "e as novidades? algo de bom?" - lavei as mãos! =^.^= melhor não, né? né! lavar as mãos é um gesto simbólico, graças ao cristianismo, pra mim é um prazer, pra pilatos pode ter sido também, vai saber! "calor, mãos sujas, manda esse jesus esperar, deixa eu lavar as mãos primeiro. ah! agora sim! quais as novas?"
e vocês, quais as novidades? comenta aí!
domingo, 8 de abril de 2012
azar em grande escala
a maior prova do meu azar é sem dúvida ter nascido. azar e pura falta de bom-senso da natureza.
minha vida é marcada por grandes momentos em que eu me ferro todo de conspiração negativa do cosmo e se, para muitos, a Lei de Murphy é casual, pra mim, é pontual, pontual e cotidiana.
depois de meses analisando as condiçõe$$$$$$$ para fazer uma compra, cujo valor, para mim, é alto e me deixaria mais pobre, resolvi investir mesmo com o cu na mão um pouco de receio, dois dias após efetuar o pagamento, tentando não pensar na falta que esse dinheiro me fará quando meus pais me chutarem de casa e eu for morar na rua sem ter o que comer (nas minhas previsões isso acontecerá no final deste ano, ou no início do próximo se o mundo não acabar), como dizia, dois dias depois de pagar o treco, me assaltam e levam meu celular, ÊTA CARÁI, FUUUUUU! NÃO TENHO DINERO.
vai lá e gasta as últimas nicas (ainda pode falar nica?) pra comprar o celular mais barato que acha, aí volta pra casa chorando e vai tomar banho derruba os óculos e quebra. essa é minha vida, esse é meu mundo! (patrocina aí, nextel)
a semana de azar ter sido a mesma semana santa deve ter sido mera coincidência, eu espero!
vc sabe que tem algo errado quando você é do tipo de gente que tá passando na rua e a luz do poste apaga!
vc sabe que tem algo errado quando você é do tipo de gente que tá passando na rua e a luz do poste apaga!
o pior é que eu gosto de como percebo o mundo.
Passa o celular!
Os amigos já sabem, fui assaltado! 2 amigos estavam comigo, mas só eu fui assaltado, "coisas da vida" como diria Vonnegut.
Fui assaltado mais de 10 vezes durante a minha vida, quase todas em Aracaju, apenas 3 aqui em Feira, 3 ou 4, tanto faz, não importa o sotaque, é o mesmo texto: "passa o dinheiro, passa o celular!".
Eu disse que não tinha dinheiro, até diria que não tinha celular (que mentira, todo mundo tem celular!) mas 10 segundos antes do menino chegar com a arma na mão eu havia tirado o celular do bolso para olhar as horas, alguém me disse que relógios evitam assaltos.
Sim, era um menino, um menino que ao contrário de mim, provavelmente, nunca teve um vídeo-game, talvez a maior diferença entre nós seja esta. Um menino, e um menino com farda de escola, sim. Não sei se não houve aula, não sei. O que sei é que no meu tempo, matava aula pra jogar bola, pra assaltar, não! (não que eu me lembre)
O que mais ouvi, além do discurso absurdo dos pais, que sempre sucedem aos assaltos ou acidentes, foi o "esses miseráveis merecem morrer" ou coisa equivalente. Não concordo, acho que quem merece morrer já está morto, um dia também mereceremos, todos nós, menos a Hebe Camargo e o Sílvio Santos, assim como quem está vivo merece estar!
Pra acreditar em mérito, teria que acreditar em justiça e em outras coisas que não consigo! Além do mais, não espero muito mais que violência do mundo em que vivo, ele é insustentável, o modelo é cruel, é violento, respostas violentas me soam com muita naturalidade - não sei se posso falar em natureza - não conhecemos a natureza, só conhecemos a cultura.
Ao fim de tudo: "Tanto Faz!"
Fui assaltado mais de 10 vezes durante a minha vida, quase todas em Aracaju, apenas 3 aqui em Feira, 3 ou 4, tanto faz, não importa o sotaque, é o mesmo texto: "passa o dinheiro, passa o celular!".
Eu disse que não tinha dinheiro, até diria que não tinha celular (que mentira, todo mundo tem celular!) mas 10 segundos antes do menino chegar com a arma na mão eu havia tirado o celular do bolso para olhar as horas, alguém me disse que relógios evitam assaltos.
Sim, era um menino, um menino que ao contrário de mim, provavelmente, nunca teve um vídeo-game, talvez a maior diferença entre nós seja esta. Um menino, e um menino com farda de escola, sim. Não sei se não houve aula, não sei. O que sei é que no meu tempo, matava aula pra jogar bola, pra assaltar, não! (não que eu me lembre)
O que mais ouvi, além do discurso absurdo dos pais, que sempre sucedem aos assaltos ou acidentes, foi o "esses miseráveis merecem morrer" ou coisa equivalente. Não concordo, acho que quem merece morrer já está morto, um dia também mereceremos, todos nós, menos a Hebe Camargo e o Sílvio Santos, assim como quem está vivo merece estar!
Pra acreditar em mérito, teria que acreditar em justiça e em outras coisas que não consigo! Além do mais, não espero muito mais que violência do mundo em que vivo, ele é insustentável, o modelo é cruel, é violento, respostas violentas me soam com muita naturalidade - não sei se posso falar em natureza - não conhecemos a natureza, só conhecemos a cultura.
Ao fim de tudo: "Tanto Faz!"
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