domingo, 13 de maio de 2012

tem razão!

A gente vive criando qualquer coisa pra se sentir especial!

Observando meu pai, sempre notei como ele minimizava todos os feitos dos outros, mas, ao contrário, superestimava as próprias ações. como um bom filho idiota, julgava isso com todos os crivos cruéis de um bom imbecil, só não conseguia ver que todos agiam assim, eu também, claro.

Exemplos rápidos: a banda que faz cover se acha melhor porque consegue tocar igualzinho a banda famosa que é muito boa, e fazer cover "é difícil pacarái"; a banda que sustenta um projeto autoral diz que cover é cópia, foda mesmo é fazer o próprio som, a própria música (mesmo que façam isso igual a todas as outras).

Quem sabe tocar diz que a música é a maior das artes, quem sabe escrever defende seu lado, quem sabe arrancar dente também, quem é bom de cama propaga, quem não é diz que é, essas coisas, tá todo mundo dizendo que é bom em algo, que é especial por alguma coisa.

Quem fala inglês, quem sabe formatar um pc, quem prefere o arroz em cima do feijão, quem conhece a banda que ninguém conhece, não conhece a que todo mundo conhece, torce pro bangu, pro vasco, pra qualquer empresa, professa qualquer fé, não professa fé alguma. Todos se vêem rebeldes, singulares, creem pensar de maneira única, pensam ser especiais.

Acreditam que estão cheios de razão e conscientes do seu lugar no mundo, só esquecem que não suportam os que são de fato - mas, não por escolha - como eles pregam ser, destes, eles querem distância; covardemente, passam para o outro lado da rua, do ônibus, do mundo. Pois, estes são sujos, fedem, falam nada com nada, vagabundos, esquisitões, vadios, insensatos, caminham pelo mundo sem rumo, os vejo sob sol e sob chuva sempre caminhando sem metas, alucinados.

Não os queremos perto, até criamos campos de concentração para que saiam do meio de nós, pessoas de bem. Não que sejam piores que nós, não. Somos todos iguais perante deus, perante a lei, perante qualquer coisa que nos seja conveniente. Apenas que fiquem longe, que não pisem os mesmos espaços que eu, que não respirem o mesmo ar que eu, que não comprometam a segurança do nosso mundo lógico, sensato e sem sentido das oito às dezessete. Não porque nós os rejeitemos, longe de nós rejeitar alguém, mas eles são especiais demais: eles são loucos.


"todos anormais, todos desqualificados, castrados, desajustados, considerados um problema"

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