domingo, 30 de setembro de 2012

o retorno (the return em inglês)

pessoal, estou tentando retornar, não é fácil! o interesse primário era de gravar um vídeo, adiei por semanas o processo árduo e cansativo de por as pilhas da câmera para carregar, quando, finalmente, decidi fazer, minhas portas usb queimaram "so it goes", então, que se foda, vai ser texto mesmo para provar a todos que sou parcialmente alfabetizado.

da última postagem até hoje muitas coisas ocorreram: uma monografia, um projeto pra ganhar dinheiro (ainda em fase de espera com o c* na mão), alguns shows de uma banda, muitos shows da outra, muitos sapos engolidos, umas raivas, sexo que é bom NADA, uns dvd's do pearl jam porque ninguém é de ferro, mais barriga, menos dinheiro, "so it goes".

eu pretendo voltar aqui pra falar sozinho, uma vez por semana ou quando der (sem ousadia, gente), volto pra falar deste momento bárbaro da sociedade democrática chamada processo eleitoral que te acorda nos domingos pela manhã com buzinaço, carreata, fogos de artifício, jingles parodiando todo o sertanejo universitário que você achou que não poderia piorar, "so it goes".

voltarei em breve com a temática das eleições, se deus quiser!




boa semana de trabalho pra vocês, cristãos!

sexta-feira, 29 de junho de 2012

1, II, três...


Um, dois, três: valendo!

Nunca foi tão fácil decorar meu endereço. Quase ninguém está seguro quando deve informar onde mora. Estamos seguros sobre onde moramos (espero), mas informar é sempre estranho, sempre em falso, não pensamos o nosso endereço, apenas sabemos. Sabendo-se chegar a nossa casa, está tudo bem (espero).

É como a velha desculpa de não saber o número do próprio telefone por jamais ligar pra si mesmo (atitude sempre tão normal: não ligamos pra nós mesmos, ocupados demais em ligar para a vida e telefones alheios).

Nunca foi tão fácil decorar meu endereço, pois, o número da casa é 123. Isso mesmo: cento e vinte e três; um, dois, três. É com esta última versão que me refiro ao meu endereço quando um recepcionista, atendente ou qualquer desinteressado pergunta o número da residência: “número um, dois, três”.

Tenho poucos segundos para contemplar a surpresa lúdica no olhar do outro. Se tivesse que apostar em qual o pensamento imediato do meu interlocutor, apostaria num: “que coincidência! Um, dois, três!”
Há quem diga que os números impõem uma interferência mística em nossas vidas, há quem mude de nome, quiçá de endereço por causa deles, estranho pensar que nós inventamos os números e não o contrário (espero). Para mim, são apenas números que, assim como a palavra “número”, serve, tão somente, pra representar uma ideia.

Certa vez, numa agência bancária, peguei a senha de número 666, nos longos minutos de espera, desejei intensamente para que a moça do caixa fosse evangélica, dia chato, sabe como é. A moça não era, não devia ser, talvez fosse, não sei. Ela sequer olhou o papel que entreguei entusiasmado, “apenas números” deve ter pensado, ela sequer me olhou, também, “apenas mais um número”, deve ter pensado.

Um, dois, três salve eu, salve todos, salve-se quem puder.

viva são timbum!!!!!!!!!!!!!!


Anarriê

Faltou o texto do São João, fiquei sem internet durante o feriado da festa, coisas da vida, coisas da Oi Velox. Mas havia a ideia sobre o que escrever e não quero deixar passar, porque idéias são cada vez mais raras.

Pra um nordestino como eu, é muito fácil disparar o clichê: “São João é a melhor festa do ano”, pode ser mesmo, se puder ser. Mas, quando você não vai a qualquer festa, não viaja e ainda fica sem internet é muito fácil esnobar a importância do santo.

Cheia de exuberâncias e injúrias, a festa é marcada por peculiaridades, a palavra “típica” é repetida ao ritmo dos estouros - a cada ano, mais altos e mais imbecis dos fogos. A bebida é típica, a comida é típica, a dança típica, a música típica (hey, essa já foi, ouvi mais pagode do que forró, neste ano: coisas da vida).

Lembro das festas de São João nos tempos de escola, havia uma missão particular: fugir da quadrilha, não importa quais desculpas inventar, não dançar quadrilha é uma conquista da infância da qual jamais esquecerei. Além de fugir da quadrilha – anarriê - olha a chuva – é mentira -, uma ambição era entender por que diabos, na mesa de comidas típicas, onde cada mãe deveria levar um prato, constavam laranjas e pipocas.

Havia canjica, bolo de milho, de aipim, amendoins, pamonhas (que dá um trabalho desgraçado pra fazer), licor não tinha, infelizmente (terceira série, pô!), e sempre: laranja e pipoca. Que esculhambação é essa? 

Pipoca é foda! Pipoca só é comida típica em junho em ano de copa do mundo. E laranja? Laranja é comida típica o ano todo. Porém em junho, ao invés de fazer suco, a povo chupa a fruta, porque sim.

Alguém pode me ajudar a desvendar o último mistério típico que me acompanha desde sempre nas festas de junho? “Anarriê” quer dizer que porra?


domingo, 10 de junho de 2012

chegada

antes mesmo de chegar à cidade, já sabia quem prestava e quem não. antes mesmo de chegar, já sabia de tudo que acontecia por aquelas partes do mundo - mundo de partes iguais - e tudo o que haveria de ocorrer. tavares já lhe havia adiantado tudo, lhe dissera onde deveria procurar um quarto, onde comer, onde beber, com quem falar, principalmente, com quem não falar e o que não falar. desculpem, tavares era o motorista do ônibus que o levara até ali. tavares: um bom sujeito, um sujeito qualquer.

uma placa verde gritava "bem-vindo". ele não entendeu. e ao descer naquele lugar foi olhado, mapeado, narrado pelas mentes silenciosas. nem sabia ele que todos também já o conheciam, sabiam a que viera, sabiam como ele seria, sabiam do seu futuro, sabiam exatamente quem ele poderia ser.

nunca soube como chegara até ali, é certo que não decidira por aquele lugar, apenas abriu os olhos e lá estava, sendo o que tinha que ser. talvez o sol estivesse a pino, ou talvez estivesse nublado, ou chovendo. não, chovendo não estava, ele sentiria, sentiria alguma coisa. de certo, pelo movimento de todos, era meio-dia, todos sentem fome à mesma hora. ele não estava com fome, ou talvez estivesse, de qualquer sorte, sabia que era a hora de comer, e todos comeriam.

enquanto comia - exatamente onde lhe disseram para comer -, olhava ao redor; tentava entender como tudo funcionava. lembrou do que tavares lhe contara a respeito de todos, todos o observavam, como deuses famintos esperando o átimo do juízo e da sentença. erguia os olhos volta e meia, todos estavam lá, a comida era horrível, a moça que lhe trouxera o prato-feito não, era uma moça como todas as moças de todas as partes do mundo - mundo de moças iguais -, por que se preocupavam dele? todos já sabiam o que seria. a comida era horrível, "que se foda", pensou, e continuou a comer.

a comanda, molhada pela lata de coca-cola, registrava R$ 12,00; era um preço muito alto por algo tão odiável, mas não tinha outro jeito e ele haveria de pagar.


domingo, 27 de maio de 2012

sermão de mim mesmo

Dorme, porra! Fecha o olho e dorme!

Toda noite o mesmo inferno. Presunçoso, tá achando o quê? Que cabe um mundo entre as tuas orelhas? Não, não cabe!

Apague a luz. Acenda a luz, ative o alarme do celular - como se fosse funcionar desta vez -, apague a luz e vê se dorme, deixa pra pensar no absurdo da existência amanhã, hoje se concentra em dormir, não é tão difícil, não pode ser, é tão simples pra tanta gente, gente que deita e apaga e, em 3 minutos, desliga e a realidade se mostra impotente, fecha o olho e dorme!

Encontra uma posição confortável, deixa de drama, não põe a mão em baixo da cabeça ou vai acordar com câimbras, respire devagar, você deve ser o único sujeito que sente falta de ar quando deita pra dormir, parece  uma mulher em trabalho de parto, que bizarro.

Amanhã acorda mal por ter perdido metade da noite rolando na cama, pensando no que não tem solução. Você já entendeu, cara, não tem jeito, as coisas são o que são e basta, o futuro e o presente são a sobra do inevitável e só. E você já sabe disso, você leu nos livros, e antes mesmo de abri-los já sabia o que encontraria. Não há solução, nem salvação, nem do que ser salvo, portanto, durma.

Pare de pensar e durma, pare de sofrer e durma, pare de rezar e durma, pare de viver e durma, imbecil.



não tente entender, apenas durma

domingo, 20 de maio de 2012

oe!

Eu odeio banho frio!

Sim, este é um post sobre banho:

Não foi à toa que, quando o cosmo, a natureza ou a única divindade a qual não consigo questionar: o acaso me fizeram existir após a invenção do chuveiro elétrico.

A vida já é ruim o suficiente, não preciso começar o dia tomando um banho frio! "Ah! Mas tá calor, pra que esse chuveiro no quente?!" Calor só se for pra vocês, pra mim o banheiro é sempre frio!

"Banho quente faz mal, banho quente envelhece, banho quente não sei mais o quê!" Viver envelhece e ninguém faz nada pra mudar isso, né? Eu vou narrar como é o meu banho frio:

Molho um braço, xingo a mãe da mãe natureza, molho o outro braço e xingo a mim mesmo - se eu não tivesse os braços, ou as pernas, teria menos coisas pra molhar com essa porra de água fria - molho a cabeça (a cabeça mesmo), uma perna, outra perna; isso não é um banho, gente, isso é um processo de auto-flagelo, quando finalmente ponho o corpo inteiro embaixo da água, é uma falta de ar do cão. Um desconforto terrível. Por que alguém se presta a isso voluntariamente?

Quando, porém, tomo banho quente, é assim: Entro, tomo banho, saio cheiroso e lindo, obrigado!

Uma vez fiquei na casa de um pessoal que tem muita grana, mas na casa não tinha chuveiro quente, porque diziam que banho frio é bom, dá coragem, que deixa a pessoa mais forte de saúde! Na minha opinião ou você é rico, ou você toma banho frio, que putaria é essa? Que adianta ter carro importado e morar em bairro nobre se tu tomas banho frio? Muita excentricidade, na moral!

Oração: por um mundo onde os resistores de chuveiro nunca queimem! Obrigada e Amém!

domingo, 13 de maio de 2012

tem razão!

A gente vive criando qualquer coisa pra se sentir especial!

Observando meu pai, sempre notei como ele minimizava todos os feitos dos outros, mas, ao contrário, superestimava as próprias ações. como um bom filho idiota, julgava isso com todos os crivos cruéis de um bom imbecil, só não conseguia ver que todos agiam assim, eu também, claro.

Exemplos rápidos: a banda que faz cover se acha melhor porque consegue tocar igualzinho a banda famosa que é muito boa, e fazer cover "é difícil pacarái"; a banda que sustenta um projeto autoral diz que cover é cópia, foda mesmo é fazer o próprio som, a própria música (mesmo que façam isso igual a todas as outras).

Quem sabe tocar diz que a música é a maior das artes, quem sabe escrever defende seu lado, quem sabe arrancar dente também, quem é bom de cama propaga, quem não é diz que é, essas coisas, tá todo mundo dizendo que é bom em algo, que é especial por alguma coisa.

Quem fala inglês, quem sabe formatar um pc, quem prefere o arroz em cima do feijão, quem conhece a banda que ninguém conhece, não conhece a que todo mundo conhece, torce pro bangu, pro vasco, pra qualquer empresa, professa qualquer fé, não professa fé alguma. Todos se vêem rebeldes, singulares, creem pensar de maneira única, pensam ser especiais.

Acreditam que estão cheios de razão e conscientes do seu lugar no mundo, só esquecem que não suportam os que são de fato - mas, não por escolha - como eles pregam ser, destes, eles querem distância; covardemente, passam para o outro lado da rua, do ônibus, do mundo. Pois, estes são sujos, fedem, falam nada com nada, vagabundos, esquisitões, vadios, insensatos, caminham pelo mundo sem rumo, os vejo sob sol e sob chuva sempre caminhando sem metas, alucinados.

Não os queremos perto, até criamos campos de concentração para que saiam do meio de nós, pessoas de bem. Não que sejam piores que nós, não. Somos todos iguais perante deus, perante a lei, perante qualquer coisa que nos seja conveniente. Apenas que fiquem longe, que não pisem os mesmos espaços que eu, que não respirem o mesmo ar que eu, que não comprometam a segurança do nosso mundo lógico, sensato e sem sentido das oito às dezessete. Não porque nós os rejeitemos, longe de nós rejeitar alguém, mas eles são especiais demais: eles são loucos.


"todos anormais, todos desqualificados, castrados, desajustados, considerados um problema"