Anarriê
Faltou o texto do São João,
fiquei sem internet durante o feriado da festa, coisas da vida, coisas da Oi Velox. Mas havia a ideia sobre o que
escrever e não quero deixar passar, porque idéias são cada vez mais raras.
Pra um nordestino como eu, é
muito fácil disparar o clichê: “São João é a melhor festa do ano”, pode ser
mesmo, se puder ser. Mas, quando você não vai a qualquer festa, não viaja e
ainda fica sem internet é muito fácil esnobar a importância do santo.
Cheia de exuberâncias e injúrias,
a festa é marcada por peculiaridades, a palavra “típica” é repetida ao ritmo dos
estouros - a cada ano, mais altos e mais imbecis dos fogos. A bebida é típica,
a comida é típica, a dança típica, a música típica (hey, essa já foi, ouvi mais
pagode do que forró, neste ano: coisas da
vida).
Lembro das festas de São João nos
tempos de escola, havia uma missão particular: fugir da quadrilha, não importa
quais desculpas inventar, não dançar quadrilha é uma conquista da infância da
qual jamais esquecerei. Além de fugir da quadrilha – anarriê - olha a chuva – é mentira -, uma ambição era entender por
que diabos, na mesa de comidas típicas, onde cada mãe deveria levar um prato,
constavam laranjas e pipocas.
Havia canjica, bolo de milho, de
aipim, amendoins, pamonhas (que dá um trabalho desgraçado pra fazer), licor não
tinha, infelizmente (terceira série, pô!), e sempre: laranja e pipoca. Que
esculhambação é essa?
Pipoca é foda! Pipoca só é comida típica em junho em ano
de copa do mundo. E laranja? Laranja é comida típica o ano todo. Porém em
junho, ao invés de fazer suco, a povo chupa a fruta, porque sim.
Alguém pode me ajudar a desvendar
o último mistério típico que me acompanha desde sempre nas festas de junho? “Anarriê” quer dizer que porra?
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