quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Estômago!

foi preciso 30 anos.

nunca lidei bem com as coisas, com os problemas, com os amores, com os aborrecimentos, com gente escrota que oprime as outras, com gente desequilibrada que "ama" demais, nunca aceitei bem as coisas, nunca soube digerir.

desde muito novo, questionador, crítico, reclamão pra caralho, virginiano pra caralho (pra quem se importa com signos), toda vez que algo me parecia estúpido, insensato, arrogante, eu remoía por dias, semanas, pelo resto da vida, guardava tudo comigo. guardei tudo dentro de mim. não digeri, não defequei, e é claro que cedo ou tarde faltaria espaço.

parece que trago comigo ranços antepassados. coisas que meu corpo e minha mente não são capazes de expelir, de jogar fora, e ficam aqui enchendo o hd. 

foi preciso 30 anos pra que o corpo ligasse o alerta e pimba, tive uma crise de estômago filha da puta, me fodi, adoeci. os médicos disseram pra evitar uma lista de coisas que há tempos não consumia, refrigerante, café, comida gordurosa... nem lembro da última vez que bebi café ou refrigerante na minha vida, foda-se. até que alguém me questionou se não seria emocional. podia ser. só podia ser.

estou tentando algumas coisas, tratamentos naturais pra melhorar o funcionamento do corpo, mas foi no yoga que a lamparina acendeu: "às vezes dificuldades de digerir os alimentos estão relacionadas com as dificuldades que temos em digerir as questões da vida!". EITA!

tenho pensado sobre isso nas últimas semanas, de como durante toda a vida eu mastiguei pouco as coisas, daí engolia a seco, ou ficava remoendo, mas nunca cuspia fora. hoje aconteceu de novo e estou aqui tentando tirar a mente desse lugar, me afetar menos, digerir da melhor forma, ou cuspir, rejeitar os pensamentos.

30 anos pra entender que preciso mastigar. engolir se possível, cuspir fora se necessário, e seguir.



"se eu fosse um cara diferente, sabe lá como eu seria..."

lembrar que, se poderíamos estar num lugar diferente, sendo alguém diferente, então também podemos estar exatamente onde estamos agora, sendo exatamente quem somos agora!

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